O imaginário é, provavelmente, o aspecto mais forte da identidade de um povo. Às vezes, mais forte do que as evidências, ou que o património que persiste, é a interpretação que damos às coisas, a visão que temos das coisas que fazem com que determinado aspecto passe a ser distintivo e marque quem somos e como somos. É curioso que, no caso de Arouca, isso seja gritante ao ponto de termos uma Rainha Santa que não o foi. Nem uma coisa, nem outra. Que, inclusive, teve fama de abadessa, quando também não o foi. Mafalda não chegou a reinar, na efectiva acepção do termo. O trono foi ficando ao cuidado dos seus irmãos. Também não foi santa, porque a Igreja apenas a beatificou. E não foi abadessa, porque não chegou a professar votos. Todavia, toda a sua vida foi testemunho desses três aspectos. Governou como uma rainha, viveu como uma santa e geriu como uma abadessa. E da soma destes três factores, surge uma personalidade que merece tudo o que, efectivamente, não teve. É aí que entra o imaginário. E onde se forja a identidade.
Pessoal e Transmissível
Plagiando o nome do programa de entrevistas de Carlos Vaz Marques na TSF, este blog tem tanto de absolutamente pessoal como de absolutamente transmissível. O título surgiu da lembrança de um anúncio televisivo a uma agenda - «A Minha Agenda» - que, na altura, toda a gente queria ter. O conteúdo surge de retalhos de informação, de observações, de restos de material da minha agenda, que fizeram (ou não) notícias. Neste caso, material que não foi directamente notícia, mas que talvez pudesse ter sido. De um ponto de vista totalmente pessoal, mas totalmente transmissível. Bem-vindo.
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