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rainha-santa-mafaldaO imaginário é, provavelmente, o aspecto mais forte da identidade de um povo. Às vezes, mais forte do que as evidências, ou que o património que persiste, é a interpretação que damos às coisas, a visão que temos das coisas que fazem com que determinado aspecto passe a ser distintivo e marque quem somos e como somos. É curioso que, no caso de Arouca, isso seja gritante ao ponto de termos uma Rainha Santa que não o foi. Nem uma coisa, nem outra. Que, inclusive, teve fama de abadessa, quando também não o foi. Mafalda não chegou a reinar, na efectiva acepção do termo. O trono foi ficando ao cuidado dos seus irmãos. Também não foi santa, porque a Igreja apenas a beatificou. E não foi abadessa, porque não chegou a professar votos. Todavia, toda a sua vida foi testemunho desses três aspectos. Governou como uma rainha, viveu como uma santa e geriu como uma abadessa. E da soma destes três factores, surge uma personalidade que merece tudo o que, efectivamente, não teve. É aí que entra o imaginário. E onde se forja a identidade.